O bioma Cerrado é a savana com maior biodiversidade do planeta, abrigando mais espécies do que a savana africana.
Então, para se ter uma ideia da quantidade, no Cerrado vivem quase 160 mil espécies.
Assim, o bioma Cerrado ocupa cerca de 22% do território brasileiro, sendo o segundo maior bioma do país e o terceiro com maior biodiversidade.
Há apenas 20% de vegetação intocada, no entanto, menos de 1% deste total está em áreas de preservação ou conservação.
A princípio, as savanas são formadas por gramíneas, herbáceas e arbustos, a famosa vegetação rasteira.
Embora seja uma savana, a vegetação encontrada no Cerrado brasileiro não são as mesmas espécies de plantas que habitam a savana africana e, por consequência, a fauna também é diferente, já que os animais evoluem e se desenvolvem conforme à vegetação e o clima de cada bioma.
O Cerrado ocupa os estados brasileiros: Goiás e Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí.
O Clima que predomina no bioma Cerrado é o Tropical, com duas estações muito bem definidas: a chuvosa e a seca.
A estação chuvosa ocorre de setembro a abril e a estação seca vai de maio/junho até agosto.
Clima: Tropical
Índice pluviométrico: média de 1300 mm ao ano.
Temperatura média anual: 23° C.
O solo do Cerrado é poroso e profundo, o que o torna extremamente pobre em nutrientes minerais, ou seja, quando a chuva cai e penetra o solo, vai rapidamente para o fundo, já que os sedimentos não são bem unidos, dificultando a retenção de água na superfície, que desce o solo levando os nutrientes para baixo.
Isso significa, portanto, uma ausência significativa de nitrogênio, cálcio, fósforo, zinco e muitos outros minerais vitais para formação de DNA e proteína. O formato tortuoso das árvores e arbustos ocorre pelo excesso de alumínio no solo, por exemplo.
O solo do bioma Cerrado também é muito ácido. Essa característica dificulta a absorção de nutrientes pelas plantas.
Sendo assim, a nutrição absorvida pela vegetação vem da matéria orgânica recente caída que é decomposta por fungos e bactérias no solo, ou seja, a serrapilheira.
No bioma Cerrado existem cerca de 10 mil espécies catalogadas, embora não haja presença de quantidades significativas de nutrientes no solo as plantas do bioma são fortes, e maioria de pequeno porte, salvo nas florestas.
A vegetação do Cerrado é tropófila, ou seja, uma vegetação adaptada às variações de umidade, segundo a estação, seca ou chuvosa.
A vegetação do Cerrado é subdividida em: Campos Sujos, Campos Limpos, Cerrado Censo Estrito e Cerradão.
O chamado Campo Limpo é composto por uma vegetação com predomínio de herbáceas, isto é, plantas menores que não possuem caule lenhoso. Então, as mais comuns por lá são as gramíneas.
O chamado Campo Sujo é composto por vegetação de herbáceas e, também, de vegetação arbustiva, que são os arbustos e plantas com, no máximo, 10 metros de altura.
A vegetação arbustiva possui raízes longas para conseguir buscar água nos lençóis freáticos.
O Cerrado Senso Estrito é caracterizado pela sua composição formada por pequenos arbustos e árvores baixas, tortuosas e inclinadas e ramificação irregular. É a paisagem típica do Cerrado. Além disso, há vegetação e rala.
O Cerradão é composto por formações florestais situadas em áreas onde o solo tem mais nutrientes, consegue reter mais água, é menos ácido e acumula menos alumínio, oferecendo condições para que os vegetais alcancem grandes tamanhos.
As chamadas Veredas são as áreas que alagam durante a estação chuvosa. Elas são parte das regiões onde há matas de galeria e das matas ciliares.
São formações vegetais que acompanham o curso dos rios. Funcionam como corredores ecológicos, permitindo a ligação do Cerrado com a Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal.
Todos esses biomas fazem limite com o Cerrado.
A principal diferença entre mata ciliar e mata de galeria é que a primeira não forma um “túnel”, isto é, não encobre os leitos dos rios, como a segunda.
O bioma Cerrado possui muitos mecanismos de evolução em relação à vegetação, tanto pelo solo hostil como pelo clima quente.
Primeiramente, uma das estratégias desenvolvidas para absorção maior de nutrientes, através da evolução das espécies, são as micorrizas. As micorrizas são associações entre fungos e as raízes das plantas.
O que ocorre nesse sistema é que os fungos aumentam a superfície de contato das raízes com o solo, facilitando a absorção de nutrientes.
As plantas, por sua vez, cedem açúcar proveniente do resultado da fotossíntese para estes fungos. Então, os dois seres vivos se beneficiam.
A vegetação do bioma Cerrado também é adaptada aos períodos de seca, de forma que as plantas possuem mecanismos para resistirem a pontos de fogo, por causas naturais, como quedas de raios ou aumento da temperatura, por exemplo.
A princípio, o mecanismo de proteção contra o fogo se dá pelo processo de inserção de partes da planta abaixo da superfície do solo, mantendo-a viva e protegida dos incêndios.
Por conta disso, muitos biólogos chamam o Cerrado de bioma subterrâneo, porque muito das estruturas da biomassa de suas partes vitais estão debaixo da terra; uma estratégia tipo iceberg!
Outra estrutura fundamental da vegetação do Cerrado são os xilopódios, que podem vir em forma de raiz ou de caule.
Os xilopódios são um tipo de anexo das raízes e caules subterrâneos, que serve para acumular água e nutrientes, permitindo a sobrevivência da planta em períodos de estiagem, que só é ativado em alta temperatura.
Então, quando a temperatura aumenta, indicando sinal de fogo, os xilopódios fazem brotar uma nova planta.
Portanto, o fogo só consegue destruir as folhas que estão acima do solo, mas não o caule.
O súber (também conhecido como felema), tecido de revestimento vegetal interno de proteção mecânica e impermeabilizante das plantas com crescimento secundário, nas plantas do bioma Cerrado é mais espesso, sendo assim, o fogo não atinge os tecidos vivos, apenas a casca mais grossa formada pelo súber.
As cinzas dessas plantas queimadas vão para o solo e tornam-se nutrientes.
No entanto, é imprescindível a atenção para o ponto de que esses mecanismos de proteção e evolução são para incêndios de ordem natural. Longos períodos de seca assolados por sol quente ou chuva com raios que podem cair em parte de mata seca, por exemplo.
Isto é, não é sobre incêndios criminosos, fogos frequentes causados pelo homem. Incêndios frequentes danificam e causam desequilíbrio no bioma, que pode virar um deserto.
Embora faça conexão com outros biomas brasileiros, o Cerrado possui poucas espécies endêmicas.
Sendo assim, os animais encontrados por lá também podem ser vistos em outros biomas. Na verdade, é bem comum a migração de animais de um bioma para outro.
Os cupins são muito comuns no Cerrado, além disso, possuem uma presença vital para o solo do bioma porque constroem micro túneis que melhoram a drenagem e a oxigenação do solo.
Além disso, suas fezes servem como adubo, auxiliando no crescimento das plantas.
O Cerrado também apresenta alta biodiversidade de formigas que, assim como os cupins, cavam micro túneis e ajudam na penetração do húmus na terra.
O bioma também é conhecido por sua alta biodiversidade de peixes e também pela pesca predatória.
Algumas das espécies mais famosas do bioma são: Pacu, Tucunaré e Piraputanga, por exemplo.
O bioma Cerrado, junto com a Mata Atlântica, são os dois biomas brasileiros já considerados um bioma hotspot.
Cerca de 60% da vegetação original do Cerrado já foi destruída pelo processo de ocupação do interior do Brasil, desde o início da exploração do ouro até os dias atuais, com a monocultura extensiva e a pecuária massiva.
Cerca de 65% das áreas de agricultura do bioma são destinadas à pecuária, atividade econômica que mais desmata no Brasil.
Para se ter uma ideia da velocidade em que o Cerrado tem sido destruído, se nada for feito, em 10 anos ele já não existirá mais.
Você deve estar se perguntando como foi possível o povoamento de grande plantações de monocultura se o solo não possui condições para o desenvolvimento destas plantas não nativas. Isso se deve às técnicas implantadas pela Revolução Verde, nos anos 60, que através da agricultura do modelo químico-mecânico-genético modificou o ecossistema e o solo para plantação.
O que degrada o Cerrado, no entanto, não é a atividade agrícola junto com seus processos, como um todo, mas sim a sua prática irresponsável.
O bioma Cerrado é conhecido como o “berço das águas” do Brasil, porque todos os biomas recebem água doce de nascente no Cerrado, abastecendo, também, importantes bacias hidrográficas brasileiras.
O uso indiscriminado de agrotóxicos e fertilizantes, por exemplo, já contaminam muitos rios, justo no bioma que é considerado o berço das águas, pois
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