De 2014 pra cá…

Não é segredo que o Brasil possui uma das sociedades mais desiguais do planeta, com índices altíssimos de concentração de renda. Estar entre o desemprego e a subordinação do trabalho informal é a realidade de mais da metade do país.

No Brasil, a Uber chegou em 2014, iniciando seus trabalhos na cidade do Rio de Janeiro e, desde então, abriu portas para o surgimento de outras mega empresas, como as brasileiras iFood e 99 Táxi, além da vinda da colombiana Rappi, entre outras menores.

A agenda neoliberal dos últimos governos e a crise política também serviram de adubo para o crescimento deste tipo de trabalho no país, estimulando, inclusive, o desenvolvimento dessas companhias. Hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, as empresas de aplicativo, juntas, formam o maior empregador do país, porém, afirmam não responsabilizar-se pelos trabalhadores que prestam o serviço, alegando ser “apenas” um conector entre prestadores de serviços e clientes.

Desde sempre, os direitos de uma nação são conquistados com bastante luta e organização popular. A chegada dos aplicativos trouxe uma nova realidade que, até ser percebida, precisou de tempo. Seis anos após a entrada da Uber no país, o momento vivido por muitos trabalhadores é totalmente contrário ao discurso inicial. A exploração pela ausência de direitos que o trabalho informal fomenta é velada pelo discurso do empreendedorismo e tem causado revolta. Assim, começa no Brasil mais um movimento por direitos trabalhistas.

Trabalhadores organizados!

O dia 1 de julho de 2020 foi marcado pelo #BrequeDosApps, o primeiro protesto organizado dos entregadores de aplicativos, e que sacodiu o país todo, levantando uma das discussões mais importantes da atualidade: o crescimento da informalidade do trabalho.

Os entregadores de aplicativos se organizaram localmente em diversas regiões e cidades e fizeram um dia de protestos contra os aplicativos de entrega de comida, que ficou conhecido como #BrequeDosApps. A categoria alegou precarização do trabalho, em virtude da ausência de relações trabalhistas, segurança e direitos, e reivindicou melhores condições de trabalho e aumento da remuneração por entrega. A greve dos entregadores de aplicativo sintetiza um processo de transformação nas relações trabalhistas que a Sociologia já reconhece como Uberização do Trabalho.

O conceito de uberização do trabalho possui esse nome devido ao pioneirismo da multinacional estadunidense Uber em estabelecer um modelo de negócio via App que se caracteriza pela ausência de vínculo empregatício. Logo, temos aí, o primeiro problema a ser pontuado: não é um emprego, é um trabalho. A principal diferença entre ambos é a falta de responsabilidade da empresa que emprega com o empregado. A rápida expansão e a consequente influência no mercado, rendeu à empresa Uber uma hegemonia nos centros urbanos e o modelo de negócio da multinacional foi aderido por outras empresas, iniciando um acelerado processo de mudança nas relações trabalhistas, que a Sociologia chamou de uberização.

Para além da ausência de vínculos com seus colaboradores e consumidores, na uberização a empresa do aplicativo não é dona dos meios de produção, mas ainda assim fatura lucros consideráveis. Dentre os fatores que auxiliaram na expansão deste processo, estão o avanço das políticas neoliberais, o incentivo ao empreendedorismo e, sobretudo, a consolidação da sociedade em rede.

O assunto é profundo e extenso, mas é interessante perceber como em pouco tempo as coisas tomaram uma proporção considerável. Desta forma, o a uberização do trabalho já possui relevância para o vestibular, uma vez que a Sociologia vem apresentando cada vez mais recursos para o entendimento do fenômeno.

Busque compreender as variáveis que sustentam a uberização do trabalho como um outro tipo de informalidade e conecte ela aos acontecimentos brasileiros. Assim, você terá argumentação para produzir uma redação excelente, além de conseguir resolver qualquer questão que abordar o tema.

Aliás, o que você sabe sobre uberização do trabalho? Como seria sua redação? Conhece alguma curiosidade sobre esse tema? Compartilha aqui nos comentários com a gente!